No Brasil, a agricultura familiar é responsável pela produção de grande parte dos alimentos que chegam à mesa da população e representa uma diversidade cultural que agrega vitalidade ao campo. Essa atividade é praticada em quase 80% dos cerca de 5 milhões de estabelecimentos agrícolas no país, empregando algo em torno de dois terços da mão de obra no campo. Apesar desses números, o governo federal, nos últimos anos, tem praticado um verdadeiro desmonte das políticas públicas para esse setor.
A agricultura familiar está na origem de importantes debates, tanto acadêmicos quanto políticos, e pode remeter a uma diversidade de sujeitos no imaginário coletivo. Quase sempre, o senso comum associa a agricultura familiar àqueles moradores do campo mais pobres, relativamente isolados, que vivem em condições precárias, com pouquíssima terra, sobre a qual praticam produção agrícola rudimentar que atende apenas a sua subsistência.
Ainda que esse perfil faça parte do que é definido como agricultura familiar, ela vai além dele. Este modelo de agricultura esteve, por exemplo, na base do modelo de desenvolvimento agrícola de países europeus e dos EUA, elevando essas nações à condição de grandes potências agrícolas mundiais.
A agricultura familiar representa um modelo de produção estruturado ao redor da família e que está integrado a diversos tipos mercados, seja adquirindo insumos e novas tecnologias, seja vendendo os alimentos e as matérias-primas que produzem. Não se trata, portanto, de um grupo social que predominava no passado e que se mantinha relativamente afastado do mercado, avesso às tecnologias e pouco integrado à sociedade.
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