O artigo discute o papel que o comércio digital pode exercer sobre a construção de circuitos de comercialização de alimentos mais sustentáveis e que promovam, entre outros aspectos, (re)conexões, tanto entre espaços, quanto entre agentes envolvidos no sistema alimentar. Diante da forte concentração comercial exercida pelos supermercados e das dificuldades de acesso ao mercado para produtos e agentes que promovem sistemas alimentares alternativos, buscamos compreender como o comércio digital pode ser mobilizado para construir redes de abastecimento mais sustentáveis e em que medida essas redes conseguem implementar princípios ambientais e sociais mais responsáveis. Buscamos produzir um recenseamento de circuitos de comercialização digital independentes no Rio de Janeiro em 2021 e 2022, com foco naqueles que mobilizam princípios da sustentabilidade na sua comunicação. Após a caracterização da sua organização e dos aspectos da sustentabilidade que invocam, realizamos entrevistas semi-estruturadas com iniciativas cujo papel principal é atuar como intermediário comercial. Os dados obtidos contribuem para a distinção de diferentes perfis de circuitos na cidade, e fornecem elementos para discutir o potencial e os limites das ferramentas digitais para fomentar sistemas alimentares sustentáveis.
Palavras-chaves: mercados digitais, sistema alimentar, sustentabilidade, intermediários, Rio de Janeiro, Brasil.
Autores:
Júlia Izecksohn
Ève Anne Bühler