Resumo
A crescente incorporação dos processos biofísicos pelo mercado verificado a partir do final dos anos 1980, em especial aqueles relacionados aos avanços das fronteiras agrícolas, foi interpretado por alguns autores em termos de “neoliberalização da natureza”. Tal perspectiva foi bastante fértil nos estudos críticos das questões ambientais contemporâneas, mas foi colocada à prova ao sofrer sérias objeções desferidas a partir de diversos ângulos. Algumas dessas objeções questionam os fundamentos teóricos da tese da neoliberalização da natureza e apontam para um certo afrouxamento conceitual frente a diversidade das definições dos conceitos adotados. Outro tipo de objeção se volta para o seu limitado potencial de análise empírica, na medida em que, de tão amplo, não auxilia na compreensão de um conjunto de processos inevitavelmente incompletos e parciais. A presente contribuição propõe um balanço dos debates teóricos e empíricos sobre a neoliberalização da natureza passando por seus principais autores e tomando por referência pesquisas empíricas que temos realizado sobre o agronegócio no Brasil. Discutiremos até que ponto seus limites são devidos às inconsistências apontadas pelos seus críticos ou, ao invés (e além) disso, à falta de precauções na mobilização de uma abordagem que merece, apesar de tudo, atenção e interesse.
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