RESUMO
Essa tese apresenta os diferentes interesses presentes na pavimentação do trecho paraense da rodovia Cuiabá-Santarém, articulando-os às novas fronteiras de expansão do capital. Trata-se de uma das principais regiões agrícolas do país, onde o processo de circulação é fundamental para a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado mundial, constituindo palco de grandes transformações econômicas, ambientais e sociais. A proposta ancora-se na análise do movimento da fronteira agrícola moderna a partir de novas condições logísticas para escoamento da produção mato-grossense, que envolve diferentes projetos, interesses e necessidades. Partindo da pavimentação da BR-163 paraense, evidencia-se como as transformações no uso, organização e regulação do território estão repercutindo em instabilidades na região e quais são os interesses econômicos e sociais presentes, pensando que, em certa medida, esta pavimentação pode se configurar como uma circulação desnecessária para a população local. Seguindo uma metodologia de análise que apresenta um panorama histórico do objeto que vai da abertura da rodovia e da fase de implantação da fronteira agrícola até uma avaliação da expansão da fronteira agrícola moderna na contemporaneidade em direção ao Pará, destacamos algumas transformações espaciais desencadeadas no cenário agrário nacional, o processo de implantação, expansão e consolidação da fronteira agrícola moderna na área de influência da rodovia Cuiabá-Santarém em relação às diferentes ideologias existentes em momentos históricos distintos. No contexto da economia global pontuamos as redes técnicas implantadas pelos agentes do agronegócio mato-grossense na BR-163 paraense em função das suas necessidades logísticas. Analisamos também as repercussões da pavimentação dessa rodovia e da implantação das redes técnicas nas formas de organização social, em termos ambientais e na reorganização do território. Por último, a tese destaca as repercussões ambientais e sociais, procurando destacar os interesses conflitantes e o elevado custo ambiental na pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém em seu trecho paraense, salientando em que medida o Estado regula esses interesses e consegue desenvolver um projeto efetivamente sustentável na região. Os impactos sociais podem ser percebidos nas migrações da população nativa, na grilagem de terras, nas expulsões, dentre outras formas de conflito, aspectos reveladores das atuais formas de instituição da fronteira agrícola moderna no Pará.
Palavras chave: Rodovia Cuiabá-Santarém, fronteira agrícola moderna, logística de transporte, reorganização territorial, repercussões socioambientais
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